terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Quebrando Barreiras #4



Há muitos anos atrás, eu descobri que tinha um dom. E foi num culto do dia dos pais, numa encenação teatral. Eu percebi naquele dia juntamente com toda minha igreja local, que representar era a minha praia. E ao decorrer do tempo, eu fui me envolvendo mais nisso.. várias peças sobre Missões eram encenadas e o meu pequeno coração de criança já começava a pulsar por algo mais forte do que eu. Até que um dia minha mãe resolveu me colocar numa oficina de teatro que acabou se transformando num grupo muito bom. Comecei então a apresentar peças além do limite da Igreja e das programações evangelísticas. Nós éramos um grupo social e portanto, tratávamos de assuntos graves e comuns entre os jovens e a mensagem final de quase todas as peças remetiam a Jesus, mas nem sempre era explícito; e quem disse que eu me importava? O importante era que eu estivesse atuando. Nesse tempo o brilho nos olhos pelo estrelato na tv me enchia de motivação de estudar mais e mais teatro, pra poder alcançar a tão sonhada novela, carreira televisiva e todo o resto. E era aí que a situação apertava, porque o que existe atrás dos bastidores também vinha no pacote, e o que acontece lá não é nada legal.

Numa certa altura, eu já não me importava mais com usar meu dom pra Deus e com o que eu tinha, eu queria saciar os meus sonhos, os meus desejos, os meus objetivos. Tudo MEU MEU MEU e nunca pensei que isso fosse errado, afinal, eu era um adolescente super descolado, com um futuro brilhante pela frente e vários contatos que poderiam me garantir um teste - que eu perdia horas do meu dia imaginando como seria - nas telinhas.

Eu me envolvi tanto nesse mundo que acabei fazendo coisas e me colocando em situações que hoje me arrependo amargamente, mas agradeço a Deus pela graça infinda que me livrou do peso daqueles atos. Quando eu atingi um momento de minha vida em que eu acreditava que os testes estavam próximos, os contatos eram fortes e eu tinha tudo pra alavancar minha vida profissional de uma vez por todas, algo que eu vinha sentindo há muito tempo, mas ignorava, veio à tona. Eu sabia que Deus não queria. Eu sabia. Mas eu tentava a todo custo esconder de mim mesmo a ideia de desistir do meu único sonho de anos, pela vontade de Deus. Eu simplesmente ignorava o que Deus achava (e ainda orava pedindo que Ele me abençoasse em meus planos – cara de pau).

Mas os planos de Deus não podem ser frustrados, não é? O que eu sonhava há muito tempo e já fazia meu coração pesar em pensar que eu poderia estar dando um rumo totalmente contrário ao certo a minha vida, começou a se desfazer no dia em que eu entrei na igreja logo depois de uma ligação da mulher de Deus que foi minha líder de teatro na igreja por muitos anos. Lá tinha um homem que faz teatro por todo o Brasil com uma peça que no momento em que eu entrei no templo, já percebi que era benção ao extremo. Eu fui convidado a fazer uma participação na peça, junto com outros irmãos. Nos ensaios eu já fui percebendo que aquele teatro passava longe de tudo que eu já havia vivido. Depois dos ensaios e antes da minha parte chegar, eu nunca tremi tanto em minha vida e nunca senti tão forte a presença de Deus. Aquela peça falava sobre tudo que estava passando em minha vida. O estopim pra mim, foi quando a personagem de Satanás começou a dizer como usava as novelas como semente. E ele falou exatamente tudo sobre ter sonhos que não condizem com o que Deus quer e pasmem, falou sobre filhos de Deus sonharem em ir pra "Malhação". Deus começou a trabalhar tão forte em mim, que na hora em que entrei em cena, senti o que nunca havia sentido ao apresentar uma peça. Senti que era minha vida exposta ali e depois de todas as lágrimas e todo o quebrantamento, eu apenas pude descer as escadas da igreja dizendo "Adeus, televisão". Desde aquela noite fria e chuvosa, mas extremamente abençoadora e transformadora, eu nunca mais pensei ou falei na possibilidade de ir pra tele visão. Fama? Só se for a de Deus. Glória? Só se for a de Deus, refletida em meu viver. E a partir daquele dia eu pude reconhecer de verdade que eu não preciso ser reconhecido por ninguém, a minha glória é fazer com que conheçam a Deus.

Naquela noite de domingo, eu resolvi quebrar as barreiras que me impediam de enxergar o óbvio. Eu resolvi que de uma vez por todas, eu deveria quebrar as barreiras dos meus sonhos egoístas e fúteis e ir correr atrás de fazer algo que me desse uma segurança eterna. E o resultado disso se vê em minha vida hoje, em que eu uso meu dom pra ganhar almas pra Cristo. Prazer, sou Daniel, tenho 20 anos e trabalho como Missionário Integral.

Com isso tudo, descobri que a graça de Deus é multiforme e se manifesta das mais diversas formas, ora livrando um pobre adolescente de uma vida fútil, sem sentido, com propósitos furados e amedrontado em frente a um Deus soberano e poderoso, ora usando a vida desse mesmo adolescente para salvar outras tantas. O que eu posso dizer com tudo isso é, não tenha medo de perguntar a Deus o que Ele acha dos seus sonhos, dos seus planos, da sua vida! Não perca tempo perdido no medo e na insegurança, quebre essa barreira aí rapaz, quebre essa barreira aí menina! Não perca o seu tempo utilizando aquilo que Deus te deu pra honra e glória dEle, com coisas que vão trazer honra e glória pra você, porque afinal, isso nunca trouxe felicidade verdadeira pra ninguém.


Obs.: Sobre o que o personagem de hoje faz, que é Missão Integral, todos nós fazemos. Ou seja, todos somos missionários integrais no trabalho, escola e etc. Só usei o termo que caracteriza aquele que entregou a vida somente para a Missão de Campo em outro lugar que não é o seu, e que não trabalha em outra coisa a não ser levar as boas novas.

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